Sim, você já ouviu
falar de um tal de Forgotten Realms. Um monte de coisa de D&D fala desse
bagulho e você acabou sacando que é tipo um mundo padrão do jogo. Mas quando
você foi tentar sacar realmente de qual é a desse negócio a parada se mostrou mais tensa que o
previsto, e quando você pediu ajuda te recomendaram ler uma wiki com milhares
de artigos ou uns calhamaços de edições passadas.
Boa parte das pessoas
conheceu Forgotten Realms aos poucos. Até porque conhecer tudo de uma vez é
humanamente impossível mesmo, tem suplementos demais e centenas (isso mesmo,
mais de cem) romances nesse cenário. A parada deve ser mais bem documentada que
a história do Brasil e de fato é meio sem noção tentar digerir o cenário
rapidamente.
Então esse breve guia
vai lhe mostrar de forma bem mais ou menos, quiçá equivocada, porém ao mesmo
tempo útil, um apanhado geral do cenário com mais pompa que rola por aí. Tu não
vai poder sair falando de peito cheio pros seus 2d4 amigos nerds que agora tu
manja pra caralho de FR (sigla pra Forgotten Realms), mas ao menos tu não vai
mais boiar tanto nos papos e textos sobre ele.
O que é Forgotten Realms?
É um cenário oficial
de D&D criado por um cara (hoje idoso) chamado Ed Greenwood por volta de
1967. Originalmente ele bolou esse “mundo” pra servir de cenário de umas
historinhas da imaginação dele que ele elaborava desde muleque.
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Coleção humilde de Forgotten Realms (apenas 6% dos títulos) |
O negócio ficou mais
pro, ele começou a ganhar dinheiro e culminou nesse cenariozão que muita gente
joga e tem uma porrada de romances e coautores envolvidos.
1. De qual é a do cenário
O planeta do cenário chama
Abeil-Toril e quase tudo do cenário foca num continente chamado Faerûn. Este
nome é importante. Esse continente é o classsicão medieval D&D, uma europa
meio pré industrial com elementos de fantasia. Como antes dito, FR contém
muitos coautores e material próprio, então vai ter lá descrito um monte de
regiões, países, geografia, guia de comida de taverna, guia de ecologia de
certos picos, descrição das intrigas e tretas políticas, e todo o tipo de
detalhismo que você imaginar. É difícil haver em FR espaço para criação
absolutamente original de algum DM sem ferir ou contrariar algum aspecto da
lore.
Além do medieval
genérico, FR, afim de abraçar todas as possibilidades de jogo do mundo, insere todo
tipo de cultura pré industrial que existiu no mundo real, pouco se fodendo pra
sincronicidade das coisas. Tem um reino meio czarista de um lado, e duzentos km
depois rola um reino meio franco/alemão que remete aos impérios carolíngios, e não
tão distante tem uma espécie de egito antigo com faraós e tudo mais. E sim,
tudo vai ter um suplemento detalhando ricamente a história e geografia local.
Não vai rolar de
explicar como é cada região direitinho, mas dá pra fazer um apanhado. Se algo
lhe interessar a referência bibliográfica vai te auxiliar a aonde buscar mais
conhecimento.
1.1. Faerûn
Uma
Europa/Oriente-Médio/África medieval/renascentista. É onde se passa a maioria
das coisas e é meio que o cenário original. Lá é onde mora aquele elfo negro
famoso (Drizzt Do’Urden), o mago Elminster e onde tem umas cidades que deram
nomes a games que você já deve ter ouvido falar. Neverwinter Nights? Se passa
em Neverwinter (duh). Baldur’s Gate: Se passa em Baldur’s Gate (duhhhh).
Icewind Dale? Se passa em Icewind Dale (duhhhhhhhhhh). Todas essas cidades
fazem parte de FR, cada uma delas tem ao menos um livro só sobre a região delas
e um monte de outras coisas mais.
Aqui se passam um
monte de coisas bacanas, existe um reino de soldados que só usam roxo que é bem
maneiro e segue códigos de cavalaria, existem reinos que lembram a França da
guerra dos cem anos, outros a Inglaterra de sei lá quando, outros lembram a
Itália desunificada e existe Waterdeep, que é a metrópole gigante que todos que
vão se encantam (lembre-se que um camponês que passa a vida
acordando-plantando-dormindo não tem tempo nem razão pra conversar sobre
cidades que ele jamais verá, então é um privilégio ir lá).
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Mapa antigo e raiz de FR |
1.2. Shining South (Devir
traduziu pra Sul Brilhante)
Pseudo-Africa,
Pseudo-India e um pouco de uma fake Asia, cheio de selvas tropicais, pântanos
cabulosos e um desertão gigante (onde tentaram inserir elementos de outro
cenário foda, chamado Dark Sun, mas essa é outra história). Rola um reino
magocrata chamado Halruaa que é bem legal e original pra falar a verdade.
1.3. Unapproachable East
(traduziram para “Oriente Inacessível”)
É meio que o oriente
do Genghis Khan, pegada bem Mongólia e China. É uma região grande, então tem
espaço pra umas coisas meio Tailândia ou Indochin. É onde moram os magos de
Thay, um império meio nazista de magos insanos que fode com geral. Tem Rashemen
que lembra a Rússia oriental, mas nada que seja digno de nota.
2. As expansões
A dona do D&D das
antigas, a TSR, quis fazer uns cenários mais temáticos e específicos,
introduzindo eles no planeta de FR pra que os GM’s não tivessem que reinventar
uma cosmologia e a porra toda. Bastava os PJ pegar um barcão e tava resolvido.
Cada um desses novos continentes seria uma espécie de “mini cenário” com
temática menos diluída que Faerûn (que é um sopão de tudo) e mais fiel as
versões hollywoodianas de alguns cantos do mundo real.
2.1. Al-Qadim
No distante continente
de Zakhara D&D arabian nights. Basicamente raças de D&D vivem nas
terras do Aladdin. Tapete voador, gênio, e todo resto.
2.2. Kara-Tur
Foi feito por um autor
foda num suplemento foda chamado Oriental Adventures muitos anos atrás. Foi
imediatamente conectado a FR afim de se tornar mais comercial (que é o destino
de todas as coisas).
Esse mini cenário é
uma coleção de diversos períodos históricos milenarmente distintos como a China
imperial e o Japão feudal. É muito fera. Tem umas raças novas e muita gente
joga nele fingindo que FR nem existe.
Os anões de Kara-Tur
não possuem barba e, portanto, não são anões de verdade.
2.3. Maztica
Maias, Astecas, Incas,
e um apanhado da história que temos de parte culturas americanas
pré-colombianas. É bem dahora que fizeram um cenário disso, há quem critique que
ele é bem ripadão mesmo, tipo, ele pouco mudou o nome das localidades originais
e nem aspectos ddas culturas. É só um pastiche mesmo, o que dá a impressão de
preguiça, mas na real nem é, o material é até bem feito.
3. História do Cenário Toscamente Descrita
3.1 A Criação
Um deus chamado Ao
cria deusas gêmeas (uma luz e outra é escuridão, que novidade). Elas se odeiam.
Começam a se bater e a pancadaria gera o planeta Toril e outros deuses. Entre
esses deuses nasce Mystryl, que por não saber manejar sua própria criação morre
uma penca de vezes até virar Mystra, a criadora da Trama, fonte de toda magia
do universo. Daí tudo começou a desandar e pronto, um cenário de campanha está
criado.
3.2 A Queda de Karsus
Muitos anos atrás um
arquimago ateu chamado Karsus tenta salvar o império de Netheril (império
humano antigo ultra foda) conjurando a única magia de 12º nível que existia (ao
menos naquela edição). A magia fazia com que você assumisse o lugar e os
poderes divinos da Deusa da Magia e inicialmente a ideia era bem boa, até que a
magia do mundo começa a bugar porque um mago de trigésimo nível não é a mesma coisa
que uma deusa de infinitésimo nível que lida com a porra da magia diariamente.
Resumindo Karsus fudeu com a vida de geral naquele dia. Por sorte Mystryl se
sacrificou para salvar o mundo da catástrofe e depois renasceu Mystra, listando
mais uma das infinitas mortes e renascimentos que a divindade da magia sofre ao
longo do tempo.
3.3 Tempo das Tormentas
Dois Deuses do Mal decidiram
roubar umas placa de concreto do deus mór, lorde Ao. O deus mór ficou puto e
mandou todos os deuses descerem como avatares mortais em Toril (o planeta) até
que alguém reaparecesse com as tábua de concreto. Rolou um monte de tretas e
uns mortais ajudaram os deuses a reparar as merdas e como prêmio ascenderam a divindade.
Até aqui só temos eventos da segunda edição e alguns anos depois é onde vai se
passar a terceira.
3.4 The Spellplage
Foi uma treta que
rolou na quarta edição e pouco importa. Basicamente a Wizards tentou dar um
reset em FR.
3.5 The Sundering
Como os fãs ficaram
putos com o reset, a Wizards voltou atrás e desfez tudo, voltando o cenário de
volta ao que era na 2e/3e. É o último evento relevante de FR na 5e.
4. Curti Quero Saber Mais
Se não quer gastar
dinheiro eu recomendo os seguintes sites:
https://aventureirosdosreinos.com/
Excelente descrição cronológica dos eventos, com linhas do tempo e descrição
dos lançamentos, e em português!!!
http://forgottenrealms.wikia.com/wiki/Main_Page
A wiki de FR, tem quase tudo que você precisa sem ter que gastar um tostão. Tem
que saber inglês.
http://forum.candlekeep.com/ O fórum dos
viciados em FR. É gigante e tem muitos editores da própria wiki de FR debatendo
ferrenhamente um cenário fictício. O próprio Greenwood autor do cenário é atuante.
https://twitter.com/theedverse
twitter do Greenwood, ele costuma responder quase todo tweet com dúvidas minimamente
pertinentes sobre o cenário.
Se quer gastar:
O livro da terceira edição
é um excelente apanhado de FR (tem em português pela Devir). Com apenas ele dá
para você ter uma vida de campanhas no cenário. Tem muita coisa lá e não entra
num nível de detalhismo que chega a sufocar o DM.
Os livros traduzidos
pela Abril da segunda edição são uma boa também, eles não estão centralizados
num só capa dura como na terceira, mas darão um excelente volume de material
também.
O Sword Coast
Adventurer’s Guide da quinta edição é meio resumidãao, só foca num pedaço de um
continente, mas dá um breve apanhado na cosmologia e geografia de certas
regiões.
Se você manjar inglês
e estiver com bala na agulha, uma ótima pedida é o Grand History of the Realms
(com uma lindíssima capa do Lockwood), é meio enciclopédico e menos didático,
mas é uma verdadeira bíblia da cronologia dde Forgotten Realms.
E por último, se você
quiser conhecer bem aspectos 0 mecânicos, só a cultura e tudo que é coisa não
associada ao sistema, eu recomendo o Elminster’s Forgotten Realms. Esse livro é
um mimo pros fãs do cenário. Vai aprender sobre moda e etiqueta dos reinos,
vale pros que se interessarem.
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